Toda curadoria é um corte. Um filtro. Uma escolha que, por mais estética que pareça, é sempre política. No Portal Produtora, tratamos a curadoria como um ato consciente de moldar discursos — e isso implica responsabilidade. Quem entra? Quem fica de fora?
Selecionar artistas, obras ou propostas não é apenas organizar uma mostra: é declarar uma visão de mundo. Isso pode ser transformador — ou excludente. E mesmo quando se tenta “incluir tudo”, há uma seleção implícita no modo de apresentar, na ordem das coisas, no tom da narrativa.
Errar na curadoria é fácil. Idealizar uma amostra plural e terminar reproduzindo os mesmos rostos de sempre. Ou apagar nuances tentando agradar a todos. Por isso, o curador precisa aprender a ouvir — e a lidar com o desconforto de decisões imperfeitas. Escolher é, também, renunciar.
A boa curadoria não disfarça seu corte — ela o assume. Ela se posiciona. Mostra o porquê daquela seleção, e convida o público a refletir junto. Não estamos aqui para vender neutralidade. Estamos aqui para provocar. E sim, às vezes isso incomoda. Ainda bem.